sábado, 29 de novembro de 2014
terça-feira, 25 de novembro de 2014
CRITICA
domingo, 2 de novembro de 2014
Comentário do escritor Francisco Azevedo
“Que peça fantástica! Seu início já surpreende: a mulher que
entra em cena com roupa extravagante, de turbante e óculos escuros –
andar e gestos afetados que ostentam riqueza e insinuam uma sensualidade
há tempos perdida. Com ar de despeito, vai logo dizendo que não fui ali
para vê-la – ainda bem, penso comigo. E aí sabemos que se trata da
poderosa e polêmica Dolores Olmedo, que sempre esteve envolvida com o
homem e o artista Diego Rivera e que, portanto, faz parte da coleção de
infernos de nossa Frida Kahlo. A informação traz alívio, é claro.
Afinal, o que temos diante de nós é uma mulher artificial, arrogante,
visivelmente preocupada com aparências. Nada a ver com Frida. E então,
nessa abertura da peça, acontece outra surpresa, desta vez absolutamente
arrebatadora: em sensível passe de mágica, Dolores Olmedo se transforma
em Frida Kahlo! Aquela mulher, escondida nos panos e na maquiagem, se
vai despindo dos tantos “disfarces” até ficar completamente nua. Pronto!
Estamos diante da intimidade revelada de Frida Kahlo. Que contraste! A
entrega (literalmente de corpo e alma) de Rose Germano à personagem é
comovente. E que corpo belíssimo! Um mármore! O momento seguinte em que
ela se deita na mesa-cama – e com aquela luz feérica do nosso Aurélio de
Simoni – parece quadro célebre do museu do Louvre, um quadro em
movimento.
Difícil dizer, do que mais gostei ou o que mais me
impressionou na encenação. Cada cena mais linda e expressiva que a
outra. Todas sendo conduzidas por um texto que conta a história e
informa sem ser didático...
O canto no final que nos leva até
uma outra Dolores (a divina Duran!) que nos enfeita a noite do nosso
bem. A versão em espanhol (“para brindar la noche de mi amor”) ficou
linda. O momento final em que ela é coroada! Cereja do bolo. Tudo
perfeito: direção, atuação, luz, música, figurino... “Sai do Teatro com
minha esposa, encantados, durante o jantar, não falamos de outra
coisa.”...
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